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(Foto: Instagram) |
Oi amigos, cá estou novamente, e lá vamos nós para mais um
assunto polêmico: O COMERCIAL DA NATURA. - CONTÉM IRONIA - Sabemos que estamos
em um país super desenvolvido, sem desigualdade social, com distribuição de
renda igualitária, pleno emprego e educação de primeira, então por isso já
podemos deixar de nos preocupar com os problemas sociais e passar a nos
debruçarmos sobre campanhas publicitárias de empresas privadas.
A campanha do dia dos pais da Natura possui como tema “MEU
PAI PRESENTE” e está sendo estrelada pelo ator transexual e PAI Thammy Miranda.
Mas o que chamou atenção? O fato de 5,5 milhões de crianças no Brasil não terem
sido registradas pelos seus pais? Ou então os milhares de homens héteros, cis e
viris que não pagam as pensões em dia? Será que o comercial sensibilizou
aqueles pais que não estão presentes no cotidiano dos filhos? Não. O que causou
toda essa comoção nas redes sociais foi o fato dele ter sido estrelado
justamente por um ator transexual. Em questão de minutos as redes sociais foram
contaminadas com uma chuva de ódio vinda de setores conservadores da sociedade,
os quais alegavam que Thammy não é homem, e por isso não poderia ser pai,
alegaram que a masculinidade estaria sendo prejudicada bem como o papel da
paternidade, iniciaram uma campanha de boicote à Natura, entre outras
bizarrices.
Em primeiro lugar é importante ressaltar que, se o Thammy se
considera homem, nem eu, nem você, nem ninguém tem o direito de subjuga-lo,
afinal, identidade de gênero é algo pessoal e ninguém tem que ficar dando pitaco, “a Edu
mas a minha religião não aceita” pois bem, se a sua religião não aceita guarde
para você, ninguém é obrigado a viver sob as condições da sua religião, aliás,
nem sempre a opinião religiosa pode ser levada em consideração, pois, se assim
fosse, o planeta Terra ainda seria o centro do universo e o sol giraria ao
nosso redor.
Dito isso, é preciso refletir sobre a SUA paternidade. Você
já parou e se perguntou se você é um bom pai? Se seus filhos te amam? Qual foi
a última vez que você conversou com seu filho? Brincou, assistiu desenho,
ajudou com as tarefas escolares, qual foi a última vez que você exerceu sua
paternidade? Julgar a paternidade de Thammy é muito fácil, afinal, somos sempre
muito bons como juízes, mas a situação muda quando estamos no banco dos réus.
Você pode não considerar Thammy como PAI, mas será que
aquele seu parceiro de rolê, que paga R$ 150,00 de pensão e visita o filho uma
vez por mês para tirar fotos para o Instagram está cumprindo com o seu papel?
Ou será que aquele seu amigo que não registrou o filho por “não estar
preparado” está sendo um bom pai?
Os arranjos familiares no Brasil há tempos deixaram de ser
papai, mamãe e filhos. Em muitas das famílias corajosas mães exercem não só sua
maternidade, mas como a paternidade também, ou então as avós como mãe e pai. Não
somos um modelo de sociedade em que as famílias possuem um “perfil tradicional”,
até porque, o número de crianças esperando uma família na fila de adoção não me
deixa mentir sobre isso.
Agora, juntando todos os fatores até aqui, você acha mesmo
que o problema da paternidade é um comercial de tv? Que aliás, diga-se de
passagem, os pais são ativos na vida dos filhos que o comercial busca promover
justamente a PRESENÇA DO PAI COMO PRESENTE.
Pessoas transexuais habitam na imaginação fetichista de
heterossexuais, haja vista que boa parte dos clientes de garotas de programas
trans são homens héteros, casados e pais de família. Nesse sentido, trans
servem para -no sigilo- satisfazer os desejos mais diversos destes homens, mas
não podem serem pais ou mães, por ser um atentado contra as normas da família
tradicional. O Brasil é o país que mais
mata transexuais no mundo, simplesmente por ódio, ver Thammy como pai em um
comercial representa um avanço na representatividade dessa causa, que, antes de
lutar por espaço na sociedade, luta pelo direito de sobreviver.
Por falar em ódio, em maldade, a filósofa Hannah Arendt bem conceituou
sobre a banalidade do mal, segundo a autora, o bem exige profundidade,
motivação, vontade para ser exercido, já o mal não, ele pode ser praticado sem
grandes motivações, e aparentemente para ser maldoso em 2020 basta um celular
com acesso à internet e uma conta no Facebook.
Se você acredita que a sua paternidade, ou qualquer outra
possa ter sido afetada pelo comercial da Natura, é um sinal de que algo está
errado, e não estou falando da peça publicitária. Se sua família foi afetada
por algo tão natural quanto um comercial, sugiro que você procure um terapeuta
familiar, e de forma urgente!
Essa idiocracia conservadora (burrice generalizada) não vai
nos levar a lugar nenhum, quer espalhar a fé cristã para o mundo? Pois espalhe
essa parte aqui ó “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Tenha
amor, respeito e tolerância pelo seu próximo, independente de quem seja,
independente do papel familiar que exerça, se essa pandemia nos ensinou algo,
foi que nossa humanidade e mortalidade é tão frágil e passageira, não deixe o
ódio tomar conta da sua vida.
O comercial usa como música de fundo a música velha
infância, dos Tribalistas. Deixo aqui um trecho da música oração, da cantora
Linn da Quebrada como finalização para essa coluna, um abraço enorme, viva todo
tipo de paternidade, viva todo tipo de amor, viva as famílias brasileiras!
Se homens se amam
Ciúmes se hímen se unem
A quem costumeiramente ama
A mente ama também
A mente ama também
Não queimem as bruxas
Não queimem
Não queimem as bruxas mas que amem as bixas mas que amem
Clamem que amem, que amem
Não queimem as bruxas mas que amem as bixas mas que amem
Que amem, clamem, que amem
Não queimem as bruxas mas que amem as bixas mas que amem
Que amem, clamem, que amem
Que amem
Que amem as travas também
Oh oh (amem as travas também)
Linn da Quebrada. Oração.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=y5rY2N1XuLI
Super concordo ..
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