Oi amigos, cá estou novamente,
queiram me desculpar pelo título chamativo, mas eu precisava da sua atenção, e já que eu consegui, vamos ao que interessa:
seu filho (a) pode estar correndo perigo, e essa é a hora que você me pergunta
“por que Edu?” e eu respondo: Ele pode estar sendo abusado sexualmente por
alguém de dentro da sua casa e/ou de sua extrema confiança. Desculpe jogar
a informação assim de uma única vez, mas o alerta é necessário e urgente, e ao
longo dessa coluna irei explicar as razões da minha afirmação. Para
contextualizar o assunto, observem a tabela abaixo, a qual mostra o número de
denúncias realizadas através do disque 100 nos últimos nove anos em relação ao
abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes em todo o Brasil:
Número de denúncias (2011-2019)
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2011
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10.699
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2012
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40.699
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2013
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35.091
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2014
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25.595
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2015
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19.727
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2016
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17.523
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2017
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22.324
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2018
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18.612
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2019
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18.971
|
Fonte:
Ministério da Mulher e dos Direitos
Humanos
Pois
bem, em relação a idade e sexo das vítimas, os dados do boletim epidemiológico
do Ministério da Saúde revelam que 92,4% das vítimas eram do sexo feminino
e 7,6% eram do sexo masculino. Do total, 67,8% estavam na faixa etária entre
10 e 14 anos.
No que tange as características
da violência sexual, o boletim epidemiológico mostra que em quase 40% dos casos
há repetição da agressão, e em quase 60% dos casos, os abusos ocorreram
dentro de casa, no caso das crianças e adolescentes do sexo feminino esse
número é ainda maior (71,2% e 58,7% respectivamente). Em relação aos
autores das agressões, os dados levantados apontam que em 92,4% dos
casos, os homens são os responsáveis, e destes, 38,4% possuem
algum tipo de vínculo familiar com as vítimas.
O cenário já é bastante lamentável
por si só, mas agora entra uma informação crucial para vocês entenderem o porquê
desse meu alerta, estamos em isolamento social – ou deveríamos estar né – e por
óbvio, para evitar o contágio pelo COVID-19, as aulas estão suspensas. Ocorre
que BOA PARTE DAS DENÚNCIAS OCORREM NA ESCOLA. Minha gente, vocês
têm noção disso? 70% dos abusos acontecem DENTRO DA CASA DA
CRIANÇA/ADOLESCENTE e boa parte desses casos SÃO DESCOBERTOS EM
AMBIENTE ESCOLAR. Com o fechamento temporário das escolas perde-se um aliado
importante neste combate.
Em conversa com a Secretária de
Educação, Adriana Palmieri, ela pontuou que “temos que estudar muito e conhecer
os diversos tipos de violência. Entender como funciona o protocolo para casos
de violência, a quem recorrer, como direcionar para evitar as outras formas de
agressão/violência sendo psicológica, institucional etc. As famílias
nesse período precisam estar atentas ao comportamento de medo, agressividade e
mesmo a e apatia que são características que podem dar indícios de violência.”
A Pedagoga da SMED, Adriana Nagal, afirmou que Araucária possui uma rede de
proteção, a qual é coordenada através de um grupo gestor, formada por uma
equipe multidisciplinar que está acompanhando os casos e agindo preventivamente
através das mais diversas plataformas.
Em resumo, com as escolas
fechadas, quem poderá nos ajudar? A resposta é simples: VOCÊ! Sim, você mesmo!
Ao menor sinal de violência, ainda que seja uma pequena desconfiança, ainda que
você ache ser coisa da sua cabeça, DENUNCIE! A Conselheira Tutelar Patrícia
Soares afirmou que “nesses tempos de pandemia tem sido ainda mais difícil
combater o abuso sexual, pois, com as crianças – e os agressores- dentro de
casa e as escolas fechadas, não existem muitos meios por onde as vítimas podem
se socorrer, especialmente porque em muito dos casos a família não dá crédito
para a palavra da vítima ou então abafam os casos, hoje mais do que nunca
precisamos contar com a colaboração das pessoas, da sociedade civil. O conselho
tutelar não parou, nossos carros são adesivados para que as pessoas possam nos
abordar nas ruas mais facilmente e fazer sua denúncia, ou então pelos nossos
telefones. A denuncias podem ser feitas de forma anônima, então se você possuir
alguma desconfiança, pode denunciar e nós vamos apurar o que realmente está
acontecendo”.
E você mamãe, papai e/ou
responsável que leu até aqui, observe o comportamento do seu filho(a), não os
deixem sozinhos com ninguém, se forem crianças um pouco menores, não os deixem
ficar no colo do “titio” do “vovô”, ensinem a eles que ninguém pode os tocar, só o
papai e a mamãe. São medidas que podem parecer exageradas, mas os dados
expostos até agora provam o contrário, o perigo está dentro de nossas casas,
não permita e nem dê chance para que seus filhos e filhas venham a fazer parte
dessas tristes estatísticas.
Fui estagiário na Vara Criminal de Araucária, onde
acompanhei algumas escutas qualificadas de crianças vítimas de abuso sexual,
foi uma das coisas mais tristes que já presenciei, entretanto, faço mais uma vez
um apelo, se você souber, ou mesmo desconfiar de algo, DENUNCIE!
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