Eduardo Schamne: Um pedido de socorro, as crianças estão em perigo!


Oi amigos, cá estou novamente, queiram me desculpar pelo título chamativo, mas eu precisava da sua atenção, e  já que eu consegui, vamos ao que interessa: seu filho (a) pode estar correndo perigo, e essa é a hora que você me pergunta “por que Edu?” e eu respondo: Ele pode estar sendo abusado sexualmente por alguém de dentro da sua casa e/ou de sua extrema confiança. Desculpe jogar a informação assim de uma única vez, mas o alerta é necessário e urgente, e ao longo dessa coluna irei explicar as razões da minha afirmação. Para contextualizar o assunto, observem a tabela abaixo, a qual mostra o número de denúncias realizadas através do disque 100 nos últimos nove anos em relação ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes em todo o Brasil:

Número de denúncias (2011-2019)
2011
10.699
2012
40.699
2013
35.091
2014
25.595
2015
19.727
2016
17.523
2017
22.324
2018
18.612
2019
18.971
Fonte: Ministério da Mulher e dos Direitos Humanos

Pois bem, em relação a idade e sexo das vítimas, os dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde revelam que 92,4% das vítimas eram do sexo feminino e 7,6% eram do sexo masculino. Do total, 67,8% estavam na faixa etária entre 10 e 14 anos.

No que tange as características da violência sexual, o boletim epidemiológico mostra que em quase 40% dos casos há repetição da agressão, e em quase 60% dos casos, os abusos ocorreram dentro de casa, no caso  das  crianças e adolescentes do sexo feminino esse número é ainda maior (71,2% e 58,7% respectivamente). Em relação aos autores das agressões, os dados levantados apontam que em 92,4% dos casos, os homens são os responsáveis, e destes, 38,4% possuem algum tipo de vínculo familiar com as vítimas.

O cenário já é bastante lamentável por si só, mas agora entra uma informação crucial para vocês entenderem o porquê desse meu alerta, estamos em isolamento social – ou deveríamos estar né – e por óbvio, para evitar o contágio pelo COVID-19, as aulas estão suspensas. Ocorre que BOA PARTE DAS DENÚNCIAS OCORREM NA ESCOLA. Minha gente, vocês têm noção disso? 70% dos abusos acontecem DENTRO DA CASA DA CRIANÇA/ADOLESCENTE e boa parte desses casos SÃO DESCOBERTOS EM AMBIENTE ESCOLAR. Com o fechamento temporário das escolas perde-se um aliado importante neste combate.

Em conversa com a Secretária de Educação, Adriana Palmieri, ela pontuou que “temos que estudar muito e conhecer os diversos tipos de violência. Entender como funciona o protocolo para casos de violência, a quem recorrer, como direcionar para evitar as outras formas de agressão/violência sendo psicológica, institucional etc. As famílias nesse período precisam estar atentas ao comportamento de medo, agressividade e mesmo a e apatia que são características que podem dar indícios de violência.” A Pedagoga da SMED, Adriana Nagal, afirmou que Araucária possui uma rede de proteção, a qual é coordenada através de um grupo gestor, formada por uma equipe multidisciplinar que está acompanhando os casos e agindo preventivamente através das mais diversas plataformas.

Em resumo, com as escolas fechadas, quem poderá nos ajudar? A resposta é simples: VOCÊ! Sim, você mesmo! Ao menor sinal de violência, ainda que seja uma pequena desconfiança, ainda que você ache ser coisa da sua cabeça, DENUNCIE! A Conselheira Tutelar Patrícia Soares afirmou que “nesses tempos de pandemia tem sido ainda mais difícil combater o abuso sexual, pois, com as crianças – e os agressores- dentro de casa e as escolas fechadas, não existem muitos meios por onde as vítimas podem se socorrer, especialmente porque em muito dos casos a família não dá crédito para a palavra da vítima ou então abafam os casos, hoje mais do que nunca precisamos contar com a colaboração das pessoas, da sociedade civil. O conselho tutelar não parou, nossos carros são adesivados para que as pessoas possam nos abordar nas ruas mais facilmente e fazer sua denúncia, ou então pelos nossos telefones. A denuncias podem ser feitas de forma anônima, então se você possuir alguma desconfiança, pode denunciar e nós vamos apurar o que realmente está acontecendo”.

E você mamãe, papai e/ou responsável que leu até aqui, observe o comportamento do seu filho(a), não os deixem sozinhos com ninguém, se forem crianças um pouco menores, não os deixem ficar no colo do “titio” do “vovô”,  ensinem a eles que ninguém pode os tocar, só o papai e a mamãe. São medidas que podem parecer exageradas, mas os dados expostos até agora provam o contrário, o perigo está dentro de nossas casas, não permita e nem dê chance para que seus filhos e filhas venham a fazer parte dessas tristes estatísticas.

Fui estagiário na Vara Criminal de Araucária, onde acompanhei algumas escutas qualificadas de crianças vítimas de abuso sexual, foi uma das coisas mais tristes que já presenciei, entretanto, faço mais uma vez um apelo, se você souber, ou mesmo desconfiar de algo, DENUNCIE!




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